quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Um dia no Porto

Já deu pra notar que eu prefiro fazer roteiros de três dias pelas cidades, certo? Mas às vezes um dia é tudo que temos, então precisamos aproveitar ao máximo. Sabe aquele bate-volta? Pois é, não parece, mas dá pra fazer um belo passeio assim mesmo numa cidade grande. Vem comigo!


Dessa vez o bate-volta é na cidade do Porto, aquela que eu amo, acho linda, mas feia. Não se ofendam, sou tripeira de coração e portista por convicção, mas que a cidade precisa de umas reformas nas fachadas dos prédios antigos, precisa. É difícil explicar essa minha relação de amor com o Porto, só sei dizer que é lindo, mas é feio. Bem, não estamos aqui pra discutir estética urbana. Vamos ao nosso passeio de um dia pela cidade do Dragão.

A cidade que é linda, mas é feia. rs

Fiz esse bate-volta a convite de uma amiga querida de longa data e sua mãe (beijo, Maricota e tia Olga). Sabendo da minha nova empreitada como guia de turismo, elas iam passar o dia lá e me convidaram pra acompanha-las e mostrar os lugares que eu mais gosto. Segundo a Mari "vamos começar a treinar". E quem recusaria uma viagem? Eu? Jamais! 

Estação Ferroviária de São Bento

Saímos de Coimbra às 8h50 e chegamos em Porto São Bento às 11h. A estação de São Bento já é um atrativo por si só. Com um átrio exuberante ornamentado por mais de  20 mil azulejos, compondo diferentes cenas da história lusitana, a entrada da estação complementa o visual da fachada do prédio erguido no início do séc. XX no lugar do antigo Convento de São Bento de Avé-Maria.





Ok, depois das fotos seguimos à esquerda logo na saída, no sentido da Sé do Porto. Mas o destino não era esse, e sim um trenzinho estilo maria-fumaça que faria um city tour e nos levaria até as famosas caves do vinho do porto. 

Caves da Real Companhia Velha

Eu, particularmente, acho esse passeio imperdível no Porto. Por 8,50 você dá uma volta pelos principais pontos da cidade, faz uma visita guiada nas caves do vinho do porto e de quebra ainda ganha uma degustação de dois vinhos e azeite produzidos na casa. Ou, como nós escolhemos, por 18€ tem tudo isso mais o cruzeiro das seis pontes, um passeio de barco pelo rio Douro passando pelas belíssimas pontes de ferro que são uma marca registrada da cidade. 


 Cave da Real Companhia Velha

 Pai, fica de olho no correio, vai chegar uma encomenda pra você. ;)

Esse combo é oferecido pela Real Companhia Velha, uma das produtoras mais tradicionais de vinho do porto. Começamos pela visita à sua cave, com guias muito simpáticos. Aliás, deixa eu contar que descobri esse trenzinho por acaso, numa visita ao Porto com uns amigos em 2008. Até tive medinho de ter falado com a Mari e não encontrar mais o tour. Não achei informação sobre ele nem no site da Real Companhia Velha. Mas lembrava perfeitamente que o ponto de saída era à esquerda da estação de São Bento, perto da Sé. Descobri por acaso indo visitar a Sé, que acabamos deixando de lado quando vimos o trenzinho.

Da primeira vez que fui nosso guia era tão louco, tão engraçado, que sempre quis repetir o tour com ele. Não deu, mas a equipe nova não decepcionou. Ficamos sabendo de várias curiosidades sobre a fabricação, origem e tipos dos vinhos do porto. Por exemplo, existem algumas versões diferentes sobre sua origem, mas gostei da que ouvi pela nossa guia. Você sabia que o vinho do porto foi criado por acaso? Ficamos tão fascinadas com toda a história que eu fui fazendo anotações, pra não esquecer os detalhes. O que isso significa? Sim, vai ter um post específico sobre as caves, porque senão esse não acaba. kkkk


Um porto branco e um tawny para degustar.

 A Real Companhia Velha não produz só vinho, o azeite de lá também é bom.

Na saída, claro, tem uma lojinha com várias opções de vinhos e produtos diversos para levar pra casa. Depois da degustação voltamos para o trenzinho para fazer o city tour, terminando no mesmo ponto do início, perto da Sé. De lá seguimos para a ribeira, já na hora da pausa pro almoço.

Ribeira do Douro e Ponte Luiz I

Bem, depois de degustar vinho com a barriga vazia é melhor parar pra almoçar, né? O restaurante escolhido foi dica de um brasileiro que eu tinha conhecido na noite anterior em Coimbra e disse que esse lugar servia a melhor carne que ele já comeu na vida. Veremos...

Para chegar ao restaurante, do outro do Douro, já em Vila Nova de Gaia, seguimos a pé para a famosa ribeira do Douro. Pedimos informação para ir até lá, porque o caminho não é nada intuitivo e não vi sinalização para pedestres. Na verdade até parece que estamos perdidos, porque a decida passa por uma parte de casa muito velhas, bem diferente dos ambientes turísticos. O caminho é estranho, não muito amigável, mas pode seguir que é por aí mesmo, logo logo você consegue avistar o Douro e fica mais tranquilo.

Passa umas ruelas meio escondidas, mas é por aí mesmo.

Chegando na ribeira, o que não falta é opção de restaurantes, quiosques, bares e cafés! Escolha um, sente-se na esplanada e aproveite uma pausa merecida. Come-se muito bem em Portugal inteiro, e no Porto o prato mais típico é a Francesinha, uma espécie de sanduíche com pão de forma, linguiça, chouriço, bacon, bife e outras carnes, coberto com queijo derretido e um molho delicioso à base de cerveja, servida com batatas fritas. Os nutricionistas choram... e é uma bomba mesmo! Eu, que sou eu, não consigo comer uma inteira. Confesso que disso tudo só gosto do molho pra molhar na batata. Delícia.

Mas, contudo, porém, entretanto, todavia, nosso destino já estava traçado. Atravessamos a Ponte D. Luis rumo à Taberninha do Manel.



Popularmente conhecida como Ponte D. Luís ou Ponte Luís I, essa construção é um projeto do belga Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel - e não do próprio, como eu pensei. Ainda bem que checo as informações antes de publicar aqui, hein... De nada. A movimentação de turistas é muito grande, então é importante tomar cuidado e redobrar a atenção, porque o trânsito de carros é liberado. Fique sempre na calçada.

Taberninha do Manel

Enfim, vamos comer!!! Logo depois da ponte, siga pela primeira rua à direita, um pouco mais a frente já vai encontrar a Taberninha do Manel.



Gente, é uma taberninha mesmo, com bancos de madeira no lugar das cadeiras, apertada, com elementos decorativos rústicos. Os garçons usam avental com fivelas de couro, o banheiro lembra uma casa da roça, uma graça! Tem uma esplanada mais ampla, mas ficamos dentro mesmo, costas com costas com os caras da mesa de trás. kkk

Agora vem a parte fácil. Dispense o menu e vá direto ao ponto: carne bovina. Basicamente tem duas opções e pedimos as duas para experimentar. Vazia de vaca (bife) e um corte, se não me engano, chamado lombo de boi. Algo que me fez pensar que era parecido com picanha. Um detalhe me chamou a atenção, nos dois pratos de carne dizia que era carne de boi maronês. Perguntei ao garçom o que significava boi maronês e ele desvendou o mistério da melhor carne do mundo: é um tipo de gado criado numa região muito próxima do Porto (Serra do Marão), com alimentação específica e produção diária. Ou seja, a carne é fresca, não congela, não leva um ou dois dias para chegar ao restaurante, mas uns trinta minutos! Olha, só sei que agora eu queria comer carne fresca pra sempre! Delicioso é pouco pra descrever o lombo que comi. A vazia que a Mari pediu também estava sensacional. Carnes macias, suculentas, até a gordura ela disse que tava boa. rs


 Carne de boi maronês com batata, ovo e presunto de parma. Suspiremos. #vaigordinha

Sério, recomendo sem medo de errar. Passando pelo Porto, pare pra comer na Taberninha do Manel.

Passeio de barco pela Ribeira

Barriguinha cheia, estamos prontas para continuar o passeio. Lembra que compramos um combo com cruzeiro incluído? Vamos tratar disso agora. Atravessamos a ponte de volta para o Porto e aguardamos nosso barco. O passeio dura cerca de 1h e permite contemplar Gaia e Porto por outros ângulos, bem bonitos por sinal.


 Vento 1 x 0 Eu. Não dá pra querer paisagem bonita e cabelo penteado ao mesmo tempo. #sóseeufosseabeyonce


Um dia lindo, com pessoas lindas. <3

Depois do cruzeiro você pode voltar para a Ribeira, visitar outras caves, ir ao estádio do Dragão (melhor do melhor do mundo! FCP <3), visitar o centro histórico... Inúmeras opções legais, mas nós seguimos para uma livraria. Ou melhor, para A livraria. Vem comigo!

Livraria Lello & Irmão


Pense numa pessoa feliz... essa era Mariana avistando o último livro do Harry Potter, lançado poucos dias antes de estarmos lá. Ainda só tem a versão em inglês. Eu nunca li ou assisti Harry Potter, mas foi por causa dela que, dez anos atrás, conheci a Plataforma 9 3/4 da King's Cross, em Londres (também com a Mari, mega fã desde então). E achei muito legal terem montado como se fosse uma plataforma de verdade. Agora fomos conhecer a livraria que inspirou J. K. Rowling na saga dos bruxinhos mais amados do mundo. 



Tola fui eu de pensar que seria só chegar e entrar, como em qualquer livraria. Tem uma fila imeeensa do outro lado da rua, que nos leva ao quiosque que vende as entradas. Sim, paga-se 3€ para visitar, mas esse valor é reembolsado na compra de qualquer livro. Justo. Embora grande, a fila anda rapidinho e logo logo estávamos no mundo de Harry Potter.


Quiosque que vende os bilhetes, estampado com o Fernando Pessoa, seu lindo.


 Tinha que postar essa foto. Olha a alegria! Parece que encontrou petróleo.

Detalhes

 Eu encantada com esse lugar maravilhoso. 
 
Sério, é muito impressionante.

Ela disse que era importante fotografar a coruja. Então tá, entendedores entenderão, espero eu.

E como nem só de Harry Potter vive a Lello, comprei dois livrinhos pra mim. Porque não tinha a menor possibilidade de sair de uma livraria como aquela de mãos vazias. No way.

Depois disso seguimos felizes e exaustas para a estação de São Bento, rumo a Coimbra novamente. Com pesadas sacolas de vinhos, livros e presentes, mas carregando memórias leves de um dia muito bem aproveitado. Obrigada por tudo, meninas. Até a próxima.


Tim-tim.