segunda-feira, 25 de maio de 2020

Conhecendo São Cristóvão e Nevis

Antes de começar, posso chamar de St. Kitts? Eu dou muita importância a nomes, sei que esse país tem um nome em português, mas vou chamar pelo nome em inglês mesmo por motivos de: é mais fácil e eu gosto mais. Então tá.

A imensidão do mar enquadrada na natureza local


Esse pequeno arquipélago do Caribe é o menor país independente da América, formado por duas ilhas principais, a Ilha de São Cristóvão (Saint Kitts) e a Ilha de Nevis. Quem diria! Pois bem, eu conheci a ilha de St. Kitts, um diminutivo carinhoso para Saint Christopher, o nome oficial (em homenagem a Cristóvão Colombo, obviamente, que foi o primeiro a avistar esse pedaço de terra em 1493). Fiz um tour bem curtinho, cerca de 3h, onde passamos pelas ruas da capital Basseterre, visitamos uma fábrica de batique e fomos até Timothy Hill, um miradouro lindo.

Foi uma excursão para cerca de 20 pessoas, com guia explicando os locais por onde passávamos. No centro de Basseterre vimos alguns prédios públicos e casas típicas do local. É uma cidade sem arranha-céus e construções muito modernas. Conserva bem o estilo caribenho de casas e prédios coloridos e baixos, dando ares de cidade pequena. Como não paramos por lá não consegui tirar fotos, porque ou eu apreciava a vista e prestava atenção no guia ou tirava fotos ruins num minibus em movimento. Escolha fácil.

É disso que to falando, era essa a qualidade de fotos que eu conseguiria durante o passeio por Basseterre. Esse é um bairro de casas populares na saída da cidade.

Caribelle Batik

Nossa primeira - e principal - parada foi na Caribelle Batik, uma fábrica de batique, técnica de tingimento de tecidos originária na Ilha de Java, na Indonésia. A fábrica fica a poucos minutos da capital (na verdade tudo lá fica a poucos minutos da capital, já viram o tamanho da ilha? rs). St. Kitts possui uma estrada principal que circunda toda a ilha, facilitando os acessos com vistas bem bonitas ao longo do caminho. 

Informações para visitação na fábrica. Precinho amigo.

O batique consiste em cobrir o tecido de cera nas partes que não quer tingir e então aplicar a tinta. Se quiser fazer uma estampa colorida é preciso aplicar várias camadas de cera, uma para cada cor. Após cada aplicação lava-se o tecido para retirar completamente a cera. O resultado final fica incrível, com nuances de forma e um efeito bonito de trabalho manual. 

A visita é livre e começa pelos belíssimos jardins da propriedade. Então seguimos para uma sala onde é feita a demonstração da técnica e onde tem uma loja com os produtos a venda. A Caribelle Batik existe desde 1976 e produz peças únicas usando o centenário método indonésio. Nem só de cangas, toalhas e lençóis vive o batique. De vestidos a bolsas, são inúmeras as opções de peças e acessórios feitos na Caribelle. Um show de cores. 

Demonstração de batique na Caribelle Batik. No alto tem uma sequência de quadros com um coqueiro, demonstrando todos os passos para chegar no resultado final. Quanto mais cores quiser, mais passos a seguir e mais camadas de cera.


Batique nos jardins da fábrica

A Caribelle fica numa propriedade histórica colonial, chamada Romney Manor, e preserva grande parte dessa história, como árvores centenárias, e partes da construção original. 

Parte da construção centenária de Romney Manor

Timothy Hill

Partindo de lá fomos para a segunda e última parada do dia, o Timothy Hill. Um miradouro de onde se avista de um lado o Oceano Atlântico e do outro o Mar do Caribe. 

Visitar a fábrica foi muito bom, gostei de aprender um pouco da história e dessa técnica tão curiosa de tingir tecidos, além de estar num lugar muito bonito. Mas o Timothy Hill foi minha parte favorita do tour, sem dúvida. Paramos apenas por alguns minutos para ver e tirar fotos, mas por mim ficaria horas caminhando pelo local, descobrindo ângulos diferentes, apreciando a vista... gosto muito de miradouros e me perder pelos horizontes. É de onde mais nos apercebemos da grandiosidade e imensidão que é nosso planeta. 

Do lado esquerdo o Atlântico, do lado direito o Mar do Caribe. 

Tudo pra dizer que o lugar é lindo. O miradouro fica na beira da estrada, facílimo de achar e tinha bastante gente e uma barraca grande com souvenirs. Além disso também encontramos por lá um tipo de turismo que não apoio: exploração de animais. Alguns locais com pequenos macacos ofereciam os bichos para tirar foto. Eles estavam acorrentados ao dono e usavam fraldas descartáveis. Recusei logo quando me abordaram, mesmo já tentando colocar o macaco no meu braço sem perguntar antes. Deu dó dos bichinhos...

Enfim, tirando esse pormenor, o passeio foi incrível e muito informativo. Não tenho informações sobre a agência que promoveu o tour porque foi tudo organizado pela empresa de cruzeiros onde eu trabalho, eu só compareci ao local. Estando lá é bem acessível fazer essas visitas por conta própria também. Porém recomendo o passeio guiado pela capital, para aprender mais sobre esse país tão desconhecido.

Um pouco de história e curiosidades

Como já falei lá em cima, São Cristóvão e Nevis é o menor Estado soberano da América, embora ainda faça parte da Commonhealth. Possui cerca de 55 mil habitantes e mais que isso de macacos. Nosso guia explicou que St. Kitts tem mais macacos que pessoas, por isso a exploração animal é tão comum, infelizmente. A fruta-pão (breadfruit) faz parte da rotina alimentar local e é largamente produzida nas ilhas. Trazida da Malásia pelos ingleses para as colônias nas Antilhas, essa fruta se adaptou bem ao clima e solo locais e é uma importante fonte de alimentação para a população até hoje. Outro cultivo importante até os anos 2000 era a cana de açúcar. Foi a primeira colônia caribenha a receber e produzir o fruto, por séculos, até interromper em 2005, por não ser mais rentável. 

Sua independência é bem recente, de 1983. Foi colonizado por França e Inglaterra desde o séc. XVII. Como todas as colônias, traz marcas profundas desse período. Uma delas é um episódio que ficou conhecido como "Bloody River", um massacre onde cerca de 2000 nativos forram assassinados por ingleses e franceses em 1626, que aconteceu às beiras de um pequeno rio próximo à capital. As mortes foram tantas que as águas do rio ficaram vermelhas de sangue, daí o nome. Hoje em dia existe ali um memorial (Bloody Point) para não deixar que essa marca se apague. 

Local onde aconteceu o massacre aos nativos e escravos, conhecido como Bloody River. O rio passa à direita das placas, não foi um ponto de descida, então não consegui fotos melhores.

A população nativa foi praticamente dizimada no período colonial e atualmente os são-cristovenses são maioritariamente descendente de escravos africanos. Nosso guia também falou sobre a simbologia das cores da bandeira atual do país, verde: fertilidade; vermelho: os massacres sangrentos; preto: os escravos africanos; amarelo: luz do sol; branco: esperança e igualdade.

St. Kitts possui seis universidades internacionais (fiquei impressionada pelo número, considerando o tamanho do país), pois eles acreditam que a educação é o melhor caminho. O nível de alfabetização é altíssimo, cerca de 98% da população é alfabetizada. É um povo orgulhoso de sua terra e de sua natureza.

Árvore centenária nos jardins da propriedade da Caribelle Batik


Não tive tempo para explorar mais a ilha de St. Kitts e não fui à Ilha de Nevis, mas foi o suficiente para entender que os locais amam seu lugar e tem orgulho de sua história. Nosso guia se referia o tempo a "nossa bela ilha" e um outro são-cristovense passou por mim enquanto eu visitava a fábrica de batique e perguntou "você gostou da nossa bela ilha?" Mais tarde fui perceber, pesquisando aqui no google um pouco mais sobre St. Kitts, que o hino nacional deles se chama "O Land of Beauty". Que incrível ver pessoas crescerem com tanto orgulho da própria terra, felizes em receber visitantes e orgulhosos de mostrar sua história. 

Anota aí ;)

  

  


rgfeqr

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