terça-feira, 17 de maio de 2016

23 anos de Mondeguinas!

O mês de maio é o melhor mês do ano. E cada vez tenho mais motivos para afirmar isso. Só os mais especiais comemoram seu nascimento em maio, como eu e as Mondeguinas. ;)

Uma das nossas fotos mais lindas.
Muito amor envolvido :)

Sim, hoje é dia de celebrar as ninfas do Mondego, eternizadas por Camões e representadas com orgulho por nós, estudantes de Coimbra. Já mencionei algumas vezes que um dos meus maiores orgulhos é fazer parte dessa história, e não me canso nunca de ser orgulhosa por isso. Hoje, em homenagem aos nossos 23 anos, vou falar um pouco sobre a composição e algumas tradições da tuna. E mostrar muitas fotos das nossas cantorias por Portugal.


2007: Atuação ao ar livre na Baixa de Coimbra, na época que eu tocava bombo.

2009: III Serenatas ao Berço, em Guimarães. O MELHOR festival de todos os tempos. Foi tudo perfeito nessa viagem.

2009: VII De Capa e Saia, em Évora, um dos melhores festivais também.

2009: Encantando em Évora, em frente ao Templo de Diana.

Coimbra não teria sido a mesma sem os festivais, os jantares, o batismo, a cantoria, a cumplicidade, as risadas, as viagens e as assembléias. E posso ficar mais orgulhosa ainda? Eu sou a única brasileira a passar com sucesso pela assembléia de aprovação do grupo (e até onde sei, a única estrangeira, me corrijam se estiver errada rs). 


2010: Já como mondeguina, num festival de tunas nos Açores que esqueci o nome. rs

Existe uma hierarquia nas Mondeguinas, típica de grupos acadêmicos. Assim como na universidade, entramos calouras na tuna, passando por um período de adaptação, interação, aprendizado de instrumentos e das músicas etc. Nas Mondeguinas há uma subdivisão para as calouras, as sílfides e as ondinas. 

Sílfide é um ser mitológico do ar, que vagueia pelos ares. Para nós, representa aquela caloura que acabou de entrar na tuna e ainda anda meio voando, perdida, procurando terra firme onde se encontrar. É o momento de descobrir que instrumento gosta, a que naipe pertence, de aprender as músicas e se habituar com nossa rotina de ensaios e saídas. As sílfides já acompanham o grupo em todos os eventos mondeguínicos, mas ainda não sobem a palco nas apresentações. Entre outras responsabilidades, as calouras carregam os instrumentos e nos servem a comida, por exemplo, porque alguma vantagem temos que ter. Ah, e sempre comem com as mãos e de olhos vendados nos jantares anuais. Porque sim.


2006: primeiro jantar anual, ainda sílfide.


Assim que encontra seu lugar nas Mondeguinas, essa caloura passa por uma avaliação na assembléia anual, que acontece sempre no mês de abril, para ser votada a ondina, segundo passo na hierarquia, mas ainda caloura. Ondina é o ser mitológico que paira sobre as águas. Para nós, ninfas do Mondego, representa aquela caloura que já se aproxima das águas do rio, que já não anda mais no ar, está crescendo no grupo, convivendo, se tornando também uma ninfa. Entre as calouras não há hierarquia, as ondinas não são superiores às sílfides.


Sarau de Gala 2007: aguardando minha primeira atuação como ondina.

Aí vem uma assembléia tensa: a de aprovação para Mondeguina. Para ser uma ninfa do rio Mondego é preciso haver unanimidade na votação, todas as mondeguinas devem votar sim, sem ninguém ser contra ou se abster. Imagina o medinho? Porque pode ser que uma mondeguina ache que você tem potencial, mas ainda não está pronta para passar. Eu fiquei super nervosa na minha assembléia! As Mondeguinas são uma tuna da Universidade de Coimbra, grupos tradicionalmente portugueses, onde raramente se vê algum estudante estrangeiro. Já tivemos calouras estrangeiras, mas desde que entrei tinha receio de não ser aprovada por ser brasileira (o que elas SEMPRE repreendiam, porque não fazia sentido nenhum, era preconceito meu). Sei lá, a gente tenta justificar possíveis fracassos de forma bizarra, né?


Enfim, eu não tinha motivo para tanta preocupação. EU SOU MONDEGUINA!! Foi assim que saí gritando da sala da assembléia. kkkk Uma alegria que não cabia em mim e foi compartilhada com as outras duas mondeguinas aprovadas nesse ano. Aliás, um ano de 100% de aprovação, para ser mais lindo ainda!

                
Senhoras e senhoras, com vocês as Mondeguinas geração 2009: Bia do Rio, Mexicana e Vegeta! :D

Considerado o mais alto grau da hierarquia entre as ativas, mondeguinas são superiores às calouras e estas sofrem trotes como em qualquer instituição que tenha calouros. Somos contra o abuso, a violência e a humilhação. Nossos trotes são principalmente para delimitar uma relação de respeito entre as mais velhas e as mais novas (e pra zoar um pouquinho também, né, porque ninguém é de ferro). 


Jantar anual 2009: meu último jantar como caloura. 

Há um ritual de passagem de ondina para mondeguina, que chamamos de Batismo. O local e a cerimônia do batismo é um segredo guardado a sete chaves. Somente quem passa por ele sabe como é. Nem as fotos são divulgadas. É conduzido pela Mondonga-mor (líder da praxe entre as Mondeguinas, geralmente a mais antiga entre as ativas, escolhida anualmente. A atual Mondonga-mor elege sua sucessora). Posso só dizer uma coisa: é lindo e muuuuuito emocionante!


Voltamos do Batismo com uma coroa de malmequeres e a insígnia das Mondeguinas para colocar na capa. #orgulho



Também voltamos com cera que, junto com a insígnia, caracteriza a capa de uma Mondeguina. 

Por último, existem as sereias, seres mitológicos que dominam todas as águas. As que mandam nas outras todas, a quem todas devem respeito e subordinação. As top da balada! Grau de hierarquia que designa as mondeguinas que terminam o curso e deixam a universidade. Sendo sereia é possível continuar participando dos ensaios e atuações sempre que quiser, mas já não tem as "obrigações" do grupo. Nós, como antigos elementos das Mondeguinas, prezamos muito pelo bom convívio com as mais novas e procuramos sempre nos encontrar nos eventos mais emblemáticos, como jantar anual, sarau de galaCanto da Sereia e outros momentos, sempre que possível.


Em 2013: já como sereia, invadindo o backstage da Queima das Fitas, no dia da nossa apresentação.

Eu poderia falar de tanta coisa sobre as Mondeguinas... tantas histórias, tantas tradições, tantas amigas... Gosto de ir compartilhando isso, é uma parte linda da minha história. :)



Parabéns para nós! Que venham muitos outros anos de música, amizade e sorrisos largos, nossa marca registrada. ;)

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